terça-feira, dezembro 14, 2010

E 2010 está a chegar ao fim

 Da Minha Vista Ponto, foto de Lionel Balteiro

2010 fica marcado pela situação que Portugal tem vindo a enfrentar, em que “cortes” e “contenção” são as palavras de ordem e que acabam por ser uma grave ameaça à cultura no nosso país. Havendo falta de dinheiro para o que habitualmente se chama de “básico”, os investimentos deixam de recair sobre os bens intangíveis, que ajudam a fazer crescer o indivíduo, que ajudam a desenvolver o seu espírito crítico, que o ajudam a desanuviar e fugir à pressão que neste momento está instalada devido ao sufoco financeiro em que as famílias (no geral) se encontram.
Já se sente bastante, por parte dos programadores, a incerteza que vivem, sem saber qual o orçamento ao seu dispor.
Mesmo assim, este foi um grande ano para o Teatro do Montemuro. Viajámos por todo o país: Cinfães, Seia, Coimbra, Caminha, Lisboa, Viseu, Mértola, Seixal, Beja, São Pedro do Sul, Ílhavo, Montemor-o-Novo, Famalicão da Serra, Serpa, Porto, Lamego, Amarante, Vila Real, Castro Daire, Santo André, Ovar, Leiria, Vila Nova de Paiva, Portalegre, Guimarães, Évora, Castro Verde, Braga e Castelo Branco. A muitos deles levámos mais que uma produção. Ao todo, tivemos em cena oito espectáculos: Mãos Grandes, Da Minha Vista Ponto, Anjo do Montemuro, Viagem dos Sentidos, Presos por uma Corrente de Ar, Saloon Yé-Yé, Perdido no Monte e Belonging.
O Festival Altitudes mostrou-se um dos maiores sucessos de sempre, com um grande aumento da procura tanto por parte das propostas de espectáculos, como do público.
A co-produção com a companhia inglesa Foursight Theatre, “Belonging”, percorreu salas de Norte a Sul do país e obteve excelentes críticas por parte do público. “Perdido no Monte” veio afirmar o nosso trabalho dirigido mais ao público infantil. No acolhimento de escolas sentiu-se um aumento do número de estabelecimentos interessados em trazer os seus alunos até ao nosso Espaço, fazendo-nos criar novos períodos destinados ao acolhimento.
Este aumento da procura pelos nossos espectáculos, pelo nosso trabalho com as escolas, pelo nosso festival é um excelente sinal!
Mas partimos para 2011 com algumas incertezas. Não é fácil colocar espectáculos quando as Câmaras, teatros e centros culturais não têm muito dinheiro para investir. Acreditamos no nosso trabalho, temos confiança no que apresentamos, mas precisamos de ter oportunidade para o fazer. Estão previstas três novas criações: “Remendos”, “Eh e tu?!Alinhas?”(espectáculo de rua) e  “Um Louco na Serra”, uma adaptação do Rei Lear de Shakespeare. Teremos que reavaliar toda a nossa situação para o próximo ano: as criações que estavam previstas, a estrutura do Festival Altitudes, as reposições que poderão ter que vir a ser feitas. Mas continuaremos a trabalhar, não recuando nos nossos objectivos, continuando a apostar na formação da equipa, não descurando o nosso dever de levar o teatro onde ele não chega tão facilmente, abrindo as portas do nosso espaço ao público, criando com o rigor a que sempre nos habituámos. Trabalharemos e remaremos contra esta má fase que o país atravessa! Não baixaremos os braços. É esse o nosso dever!