terça-feira, abril 12, 2011

"Remendos" no Teatro da Comuna esta sexta, sábado e domingo

Partimos esta quinta-feira para Lisboa, para na sexta, sábado e domingo apresentarmos "Remendos" no Teatro da Comuna

Teatro da Comuna - Sala 1
15 de Abril - 21h30
16 de Abril - 21h30
17 de Abril - 16h00


PREÇO BILHETES: 
bilhete normal: 7,5€
sócio|>65 anos| 12-18 anos| profissionais do teatro| grupos de 10 pessoas (ou mais)| estudantes:  5€ 
 

Aproveitem o bom tempo e comecem (e/ou terminem) a noite connosco! 
Questões e reservas? Liguem-nos ou enviem-nos um e-mail.
teatromontemuro@gmail.com | t.montemuro@gmail.com | 254 689 352
 
 © Lionel Balteiro
 
Uma frase é solta. Parece uma semente a brotar. Começam por surgir pequenos rebentos. Alguns ganham pequenas raízes que logo se agarram e vão-se tornando fortes e resistentes, preparados para aguentar as fases de uma vida que se vai aproximar com o decorrer do tempo. Outros acabam por cair logo no momento que imergem da terra. Mas não desistem, tentam outra vez e outra e acabam por conseguir alcançar o seu objectivo e crescem tão rapidamente que quando reparamos estão ao lado daqueles que surgiram primeiro. Depois deixam de ser apenas rebentos, mas plantas que conseguem agora suportar o calor (alegria), o vento, a chuva (solidão) e o frio (dor). Esses rebentos que sairam de algumas palavras lançadas de alguém que está a acompanhar esse crescimento e que está ali para segurar, agarrar, amparar, confortar e dar confiança. Mas se o rebento for fraco é seu dever deitá-lo abaixo e ajudar a fazer nascer outro. Foi esse o meu papel, era esse o meu dever.
Esta é a forma que utilizo para criar personagens, criar as suas raízes, para poderem suportar qualquer coisa, acreditar nessa sua força interior para podermos pegar neles e colocá-los numa determinada história, onde eles podem viver a sua vida. De que forma o vão fazer? Só a própria história o dirá. É preciso viver para saber viver, é preciso amar para saber amar e sofrer para saber sofrer. Não acredito na frase: é o personagem que sofre e ama. Não. Para mim, primeiro tem de ser o actor a sentir esses sentimentos, só depois o personagem, se não corre-se o risco de não haver verdade.
Foram seis semanas de uma pressão, que começou muito antes do início dos ensaios. Com as ideias bem claras do que queria para esta história, mas na descoberta da melhor forma de me exprimir ao passar todas essas ideias em relação ao espectáculo, para todas as outras pessoas que participavam neste trabalho. O primeiro passo passou por partilhar com a equipa de criação o que eu desejava. As coisas tornaram-se muito mais simples, ao trabalhar com um grupo de pessoas com uma facilidade de comunicação e com uma criatividade enorme. No início dos ensaios a presença da Thérèse Collins (dramaturga) foi muito positiva, para pequenos ajustes de texto, ajudou-me a reforçar as minhas ideias e esclarecer muitas outras. Nessa primeira semana, foquei-me mais no texto e principalmente na construção de personagens, esses personagens que são uma das bases importantes deste projecto. As duas semanas seguintes passaram por uma primeira abordagem ao estilo e forma de apresentação que iria implantar neste espectáculo. Depois passamos mais duas semanas a trabalhar o pormenor, intenções a utilizar em cada momento, a melhor forma e momento de alterar um espaço cénico e qual a motivação para o fazer. Acabamos este processo com a inclusão de apoio técnico que torna este projecto muito mais rico. Muitas mais coisas se passaram neste trabalho, isto é apenas um resumo. Dificuldades por vezes de comunicação, em compreender algumas intenções, forma de o fazer, partilhar, o que é melhor, essas dificuldades aparecem e desaparecem com o decorrer dos ensaios. Ao ter uma equipa de actores, caras novas (também) poderia ser uma vantagem para o projecto, mas também um desafio, um desafio que foi ultrapassado e que se tornou muito vantajoso com o decorrer do trabalho. Este resultado, que para mim é muito positivo deve-se a toda a equipa que se dedicou a este projecto, mas principalmente a quem acreditou. Foi um grande desafio este a que me propus, mas acreditei, realizei e sinto-me muito orgulhoso pelo que foi alcançado.
Paulo Duarte (encenador)

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